Tudo ou nada

A profundidade do nosso íntimo mais submerso nem nós próprios somos capazes de conhecer na sua plenitude. Porém, todos desenvolvemos mentalmente cenários hipotéticos, alimentamos sensações que consideramos ter a sua existência confinada ao refúgio (nem sempre seguro) da nossa consciência criativa e fértil. Alimentamos desejos, crenças, vontades muito próprias e nem sempre (quase nunca) bem aceites pela sociedade - conjunto de indivíduos detentores de fetiches e devaneios mil, que nunca irão desvendar ou tentar colocar em prática com medo do ridículo e da reprovação dos demais prevaricadores.

Circulamos todos assim, num ciclo vicioso pré-concebido pela tal subconsciência societária. Preferimos viver nessa prisão emocional/afectiva em detrimento de algo que nos tentamos convencer ser superior - o respeito da e pela sociedade. E o respeito por nós próprios, pela nossa integridade? Será a integridade um valor a ter em conta somente de nós para os demais e não de nós para nós próprios?

Todos seguimos instintivamente essa linhagem comportamental. Quem não se resigna, quem procura viver a sua verdade, a liberdade a que tem direito, só pode enfrentar o fracasso. Será mesmo fracasso? Talvez perder seja ganhar em muitas situações... Será? De que serve efectivamente estarmos sempre a agir consoante o moralmente aceite pela maioria se isso nos afastar de quem somos, da nossa matéria-prima, da nossa génese e da nossa finalidade enquanto seres vivos, pensantes e sensitivos?

Antes viver e contentarmo-nos com um copo meio cheio do que com um copo completamente vazio. Antes viver apenas com meias verdades, meias sensações, meios sentimentos e meias opiniões. Assim vive o censo-comum. Mas, se só se vive uma vez, porque não viver esta curta experiência na sua plenitude? Aversão ao risco? Quando se arrisca há movimento, uma manifestação de vontade, um querer. E tal, tanto nos pode levar ao fracasso e reduzir-nos à nulidade, como nos pode conduzir ao sucesso da plenitude.

Porquê ficar a meio gás quando se pode viver ao rubro? O medo torna-nos medíocres. Sejamos soberbos!

Cindy Sousa, 28.Dezembro.2012